não ter pejo em servir os servos
segundo a imprensa de hoje, as consultas nos hospitais públicos ficarão apenas 5,00€ mais baratas que nas clínicas privadas. Compreende-se agora que a questão dos aumentos de preços, da austeridade correlacionada, enfim, da dita crise, tem, apesar das medidas aparentarem decisões desconexas, um objetivo claro: a privatização pura e dura dos serviços públicos.
Por outro lado, feita a devida análise às empresas concorrentes à compra da EDP, vulgo, privatização, dos 21,35% que o estado português ainda detém na empresa; verificamos que a melhor oferta vem da estatal chinesa "three gorges", seguindo-se-lhe a também estatal brasileira "Eletrobás", a não estatal mas protegida pelo estado federal alemã e de excelentes relações com o governo da senhora Merckel, "E.On", aparece ainda em boa posição a "Cemig", cujo controlo é detido pelo estado de Minas Gerais.
Podemos concluir daqui, que enquanto o Estado português malbarata os bens públicos, os outros estados reforçam as suas posições de controlo em empresas estratégicas, no caso, não se coibindo de de juntar ao património dos seus estados o que é vendido como refugo pelo estado português.
Descapitalizado o Estado dos seus setores estruturantes e estratégicos, claro que não tem meios para servir aos seus cidadãos os serviços públicos básicos, essenciais e de qualidade: justiça, saúde e educação, que assim vão morrendo de morte lenta.
Depressa retornaremos à segunda metade do século XV, assomos do XVI, e à tentativa de criação de um estado moderno e forte em Portugal, por D. João II, aquele que terá começado por dizer "apenas sou senhor dos caminhos de Portugal", que inteligente, compreendeu que teria que anular os poderes privados, fazendo-o e dizendo então "sou senhor dos senhores, não servo dos servos".
Não necessitamos hoje em dia de recuperar as teorias políticas nem sobretudo as práticas para as alcançar de D. João II. Mas necessitamos de políticos honestos, que defendem os bens que são de todos e sobretudo não se envergonhem de servir os servos.
jaime crespo
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