ficções e fixações

não percebo nada de economia, nunca percebi e tenho a desconfortável sensação de que nunca hei-de perceber...
há uns anos adquiri o livro "economia", de Paul A. Samuelson e William D. Nordhaus, por ser tido como um manual que os estudantes do 1º ano da licenciatura em economia estudavam. encalho logo no 1º capítulo quando os autores começam a explicar o que são gráficos, linhas, curvas e o diabo a sete. ao fim deste tempo, anos, ainda estou a meio do 1º capítulo e penso abandonar a tarefa aos meus netos.
Também comprei, este mais recentemente, O capital no século XXI", de Thomas Piketty, e em duas versões, a original, francês, e português. este ainda é pior. mal começo vejo-me enredado em rendas, rendimento de imóveis, de terras, de capitais, do trabalho, enfim, fico com um bloqueio ainda maior que aquele que ficava quando na escola industrial e comercial de portalegre, escolhi como área vocacional para completar o meu ensino secundário (10º e 11º anos) a área de eletrotecnia e tinha que estudar o "regulamento das instalações eletricas em baixa, média e alta tensão. cabucava, cabulei. as outras disciplinas tirei-as com alguma facilidade, a área vocacional necessitei de três anos!!! que rica vocação. teve uma virtude, é agora saber que caso tivesse escolhido economia tinha acontecido o mesmo.
quanto aos livros o melhor é queimá-los...
há dias, recebo o telefonema de um velho amigo, daqueles que connosco aguentou mares e ventos e marés e se mantiveram ao nosso lado, apesar de tudo.
foi meu mestre de filosofia e de vida.
quando o conheci era advogado em portalegre e ia já quase nos cinquenta, mas naqueles anos da berra, seguintes ao 25 de abril as gerações haviam sido abolidas e após uma acesa discussão de café, acabámos por continuar a conversar e mesmo quando ele não resistiu ao apelo de um escritório de lisboa e se mudou de armas e bagagens para a capital, não perdemos o contacto e continuámos trocando cartas, telefonemas e mais recentemente e-mails.
pois telefona-me este amigo avisando-me que nas vésperas de fazer 90 anos decidira internar-se num lar de idosos, como não tendo familiares próximos e os distantes lhe serem alheios, retirado o dinheiro que achava lhe faria ainda falta ao que lhe restava da vida e aquilo que teria que pagar ao lar, resolvera doar-me a sobra, isto é, transferira para a minha conta 20000,00€.
nunca me relacionei bem com o dinheiro e assim vem, assim vai. resistindo ao compra-se isto, compra-se aquilo, compra-se aqueloutro... resolvi aplicar o dinheiro numa poupança, salvaguardar o futuro.
mal me fui informar comecei logo a patinar. há ppr, seguro ppr, títulos do tesouro, etc.
depois, os que dão rendimento, não garantem o investimento, os que garantem o investimento (se é que isso hoje em dia isso é possível) não dão rendimento!
estou a consultar sites e a escolher coisas para comprar, já comprei um sofá que dá massagens que é para escrever mais inspirado aqui no facebook.
moral da história: tudo o que aqui escrevo é verdade. infelizmente a parte que é ficção é a parte do meu amigo me ter dado 20 mil euros... nem cêntimos.
jaime crespo

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