indignações comichões

O presidente do Sporting despediu o treinador Peseiro. Desde criança já assisti, talvez, a milhares de despedimentos de treinadores, a jogadores a serem colocados a treinar à parte, a serem vendidos e trocados quase como se fossem escravos. Apesar de saber que treinadores e jogadores de futebol usufruem de estatutos de trabalho especiais, a tentar condizer com a duração, especificidade da profissão e o nível de vencimentos que auferem. Tenho para mim que mesmo que uma pessoa qu aufira um vencimento bastante chorudo isso não dá à entidade patronal o direito de o tratar sem dignidade humana, caso que acontece claramente quando mandam um jogador treinar à parte, ainda que continuem a pagar-lhe o salário na totalidade.
Voltemos ao Sr. Peseiro, como disse, desde criança já assisti a bastantes despedimentos de treinadores, o que nunca tinha visto foi esta onda de perplexidade, solidariedade e indignação que varre a sociedade portuguesa, perante o despedimento do Sr. Peseiro, parece que o presidente do Sporting inaugurou uma prática nunca vista e do mais vil que há. Até o Sr. Villas (com dois ll, deve ter sangue azul) Boas, lá de Kona Maria Street, onde se encontra a treinar, fez saber ao povo que se encontra "indignadíssimo" com o despedimento do Sr. Peseiro. Só falta mesmo o Papa Francisco, lá do Vaticano, dar também ele, conta da sua indignação aos gentios.
Ora segundo li na imprensa, o presidente do Sporting e o Sr. Peseiro terão negociado o despedimento e o Sr. Peseiro recebeu, ou vai receber, aqui os jornais não são unânimes, uns falam em 600 mil euros, outros falam em 8oo mil, como indemnização pelo que falta cumprir do contrato.
Parece que está toda a gente indignada menos o Sr. Peseiro.
Se o ato foi bom ou mau, por ele irá responder o Sr. Varandas.
Neste país, quase diariamente são despedidas pessoas das fábricas, dos escritórios, das oficinas, etc., muitos com ordenados em atraso, sem um cêntimo de indemnização, tem que recorrer aos tribunais de trabalho, onde os processos vão levar anos a correr, tem que recorrer à segurança social para sobreviver porque o salário que tinham não deu nem para uma meia rota quanto mais para um pé de meia e por estes não se encontra um único indignado!!!...
Ou é da mudança da hora ou já nascemos com um fuso que nos faz trocar as indignações.
Mas este país vai de carreirinho ;)
jaime crespo

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