o SPGL e o futuro congresso da CGTP
irá a CGTP/IN realizar, a 27 e 28 de janeiro, um dos seus mais importantes e fundamentais congressos, com importância extrema para o futuro do sindicalismo em portugal. por dois motivos: a crise mundial provocada pelos especuladores financeiros e pelo mundo da finança, obrigando agora os trabalhadores a pagarem os seus prejuízos para manterem o status económico da banca e seus acionistas e a substituição de Carvalho da Silva à frente da direção da Central. pelo menos, se não ouvi mal, o próprio afirmou que não seria candidato, mas é claro que as circunstâncias mudam as posições dos homens.
estou em crer que o PCP já tem a encomenda feita e que o futuro líder da Central será Mário Nogueira, até agora principal dirigente da FENPROF, principal sindicato dos professores. muitas vezes tenho dúvidas e engano-me frequentemente, mas é uma aposta que faço.
perante tão grande importância de que se reveste este evento, como preparou o SPGL, estrutura sindical mais importante dentro da FENprof, pois abrange quatro distritos de suprema importância, lisboa, leiria, santarém e setúbal, a assembleia eletiva dos seus delegados ao congresso?
num comunicado mal divulgado, marcou a assembleia eletiva para a pretérita 5ª feira, 12 de janeiro, com decurso entre as 15 e as 18 horas, na sede do SPGL em lisboa.
tenho a apontar várias nódoas no processo: a pouca ou quase nula divulgação do ato; a data, meio de semana, e a hora para o evento impossibilitavam a maioria dos professores de estarem presentes ao ato por simplesmente estarem nas escolas a trabalhar; a centralização da assembleia em lisboa afastando os professores a lecionarem nas zonas mais afastadas de estarem presentes mesmo que o quisessem; o comunicado do conselho fiscal justificando o afastamento da lista D, remetendo para as costas do presidente do sindicato, António Avelãs, o ónus da responsabilidade por ter informado erradamente os elementos da lista sobre a data limite para a entrega das listas, mais pareceu uma tentativa de eliminar, politicamente, pelo conselho fiscal, o próprio presidente do sindicato; em qualquer organização a responsabilidade pela organização e funcionamento de uma assembleia geral de sócios, ainda para mais eletiva, cabe por norma à assembleia geral e em última instância, o responsável máximo pelos acontecimentos é o presidente da mesma assembleia geral, no SPGL pelos vistos assim não é, essas tarefas cabem ao conselho fiscal.
tudo em nome da democracia, da transparência e do cumprimento dos estatutos.
os estatutos são um instrumento de auxílio legal ao funcionamento das instituições, nunca devem constituir um impedimento, ainda que legal, à máxima participação dos associados na vida da instituição. como qualquer outro instrumento são passíveis de serem alterados e melhorados.
julgava eu que o principal objetivo de um sindicato é fazer com que um maior número de trabalhadores a ele se associem e participem ativamente na vida do sindicato.
pelos vistos no SPGL quantos menos melhor.
o resultado de tudo isto, foi que num universo de quase 17000 eleitores, votaram cerca de 200!!!
os delegados foram eleitos, os dirigentes ficaram contentíssimos, cumpriram-se os estatutos e a democracia venceu.
votou quem quis, não votou quem não quis. é a liberdade de opção. viva o melhor dos mundos e tudo está bem e na santa paz do senhor.
se mal pergunto, quem representam esses delegados? apenas aqueles que faziam parte da lista e uma dúzia de apaniguados. professores? não representam um!
se tivesse englobado alguma das listas e tivesse sido eleito, sentia-me agora envergonhado e não iria ocupar o lugar no congresso. lembraram-se de tudo, exceto da legitimidade pelo voto.
duzentos em dezassete mil não representam nada, ou melhor, representam o afastamento dos trabalhadores, cada vez maior, em relação aos seus dirigentes sindicais, o que leva a números ridículos de sindicalizados em portugal.
porque não são apenas os governos e as políticas de direita e o programa da troica que mata os sindicatos. os seus dirigentes tem dado um importante contributo para isso.
assim como Estaline foi o coveiro da revolução socialista, os dirigentes sindicais, a maioria ligados ao PCP, serão os coveiros do sindicalismo em portugal.
há muitos proenças neste país.
já agora, um bom congresso é o que desejo.
NOTA: os dados sobre o ato eleitoral foram lidos na página do SPGL. hoje andei à procura e não os encontrei, estarão escondidos em nome do decoro? democrático?
Adenda: segundo o jornal expresso e vários comentadores ouvidos durante o fim de semana, parece que afinal a escolha para secretário geral recai sobre Arménio Carlos. o mesmo conteúdo em embalagem diferente.
jaime crespo
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