Faleceu Júlio Lourinho
não se devia morrer assim!
a morte é mais morte quando nos toca perto, quando nos leva alguém que amávamos, gostávamos, um estimado amigo...
nem me refiro ao sofrimento e dor que muitos arrastam anos, até ao fatal momento. muito menos à mágoa e saudade que afeta os que por cá vão permanecendo.
reporto-me à injustiça que é o estar vivo num momento, para logo no seguinte falecer. assim, sem mais nem o quê.
todos devíamos ter o tempo necessário para nos despedirmos dos que amamos, gostamos, somos amigos.
assim, do jeito que se morre, sinto-me defraudado. sei que todas as despedidas são penosas. a morte ainda mais pois é a derradeira.
mas ainda assim, prefiro a dor da despedida que carregar o pesado fardo do que ficou por dizer no último adeus.
e tanto que deixámos por dizer-nos, querido amigo Júlio...
tantos conselhos que deixáste de me dar, tanta história que deixei de te contar, tantas recordações de macau que ficaram no esquecimento.
sei, em portalegre, que tinhas a fama de estroina. quão enganados os que pensaram assim...
recordo, já com saudade, que trouxeste de macau, a minha filha, então com 3 anos de idade, até tolosa para que os avós conhecessem a neta... não é para qualquer um. nem o ato que praticaste, nem a confiança, depositada em ti, do único bem precioso que possuo. só por isso, já estarias guardado num local bem central do meu coração, até que ele se engasgue num último suspiro.
mas fomos muito mais que isso.
lamento este adeus de um lado só.
assim que a morte, apenas salda as dívidas para com os nossos inimigos.
com os amigos, o saldo continua em aberto.
até sempre, comandante!
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