ler devagar mas vender depressa

Vejo, oiço, leio que algumas livrarias de referência e cagança, ameaçam fechar devido à crise.
Afinal o cosmopolitismo lusitano quando se trata de mamar na teta do subsidio lamenta-se de igual forma que o mais labrego dos labregos, chora que nem um saloio, amansa que nem um provinciano...
Cosmopolitas na afecção, no gesto, no falar, no desprezo pelo campónio, pelo mal vestido armado em escritor.
No mais, umas bestas ridículas e parvas.
Tenho por estes livreiros, um ódio figadal. Eu que não sou escritor, escrevi um livro eles que são livreiros, nunca venderam um livro...
CCB, Camilo Castelo Branco, faminto e à pobreza, foi obrigado toda a vida a escrever por dinheiro, mesmo o que o horrorizava e forçado a vender nas mais sórdidas tabernas do Porto, os seus mais admiráveis romances.
Aos seus trabalhos devíamos ser forçados e quem caísse seria um anjo.
Odeio todos estes livreiros e livrariazinhas estilo boulevard parisiense no Bairro Alto, nem Putas de dez tostões!
Escrevi um livro, Texturas Diversas, por todos foi recusada a sua presença nestas livrarias finas, agora falidas e desde sempre fodidas.
Nem o leram! Era escrito por um provinciano, não podia ser nada de jeito.
Afundou-se o livro, agora ides vós pró caralho que onde estais confortáveis.
Ler devagar mas vender depressa, conselho, dou de graça.
jaime crespo, queluz, 13, 05, 2020

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